Flyer do primeiro GRITO ROCK!
O Grito Rock começou em 2003 em Cuiabá, na época o Cubo estava prestes a completar um ano de existência , e vinha lutando para manter a media de um evento por mês. O primeiro evento que organizamos foi no dia 21 de junho de 2002 e alem deste, outros 5 eventos tinham rolado antes do fim do ano, todos eles com casa cheia , publico satisfeito e a boa e velha ré, derivada de nossos grandiosos investimentos em mídia que custavam o olho da cara, e o bacana é que já naquela época tínhamos a certeza que não estávamos perdendo grana e sim investindo em um novo modelo de gestão ainda não desbravado em nosso estado, e que demoraria um pouco para se consolidar como toda e qualquer iniciativa inovadora. Boa parte destes primeiros eventos faziam parte do projeto 12 Atos, que em outro texto conto pra vocês.
Flyer do primeiro evento realizado pelo EC!
Finalizamos o ano de 2002 muito estimulados com os resultados obtidos, já que grande parte de nossas metas haviam sido alcançadas, havíamos nos mantido em pé e produtivos, varias bandas surgiram, o publico cresceu, os veículos de comunicação começaram a divulgar, novos voluntários apareceram, em suma, faltava dinheiro mas sobrava disposição. O ano de 2003 prometia e começava com dois eventos na Galeria do Pádua, espaço que a época sediava os eventos GLS e que planejávamos ocupar por dois motivos: 1- O lugar era lindíssimo, cheio de obras de arte e com um clima perfeito para a balada , 2- Eram pouquíssimos os lugares que abriam espaço para o cenário alternativo. Esses dois primeiros eventos foram bem pequenos , e foram prestigiados por cerca de 200 pessoas cada um, dias 7 e 14 de janeiro denominados, galeria do rock.
O mês de janeiro estava chegando ao fim e o que mais ouvíamos é que os próximos eventos seriam somente após o carnaval, ja que no Brasil o ano começava depois desta grande festança e de certa forma nos primeiros dias de fevereiro nos conformamos com a idéia e nos concentramos principalmente nos tramites internos do Cubo, arrumamos o estúdio de ensaio, começamos a gravar algumas bandas , mobilizamos os músicos para a fundação de uma associação e etc.
Um belo dia, estávamos sentados na varanda do cubo, debatendo o que faríamos no carnaval, e as propostas começara a surgir, alguns falando em subir pra chapada, outros em acampar, outros em dormir até que alguém disse despretensiosamente:
- Sera que ninguém vai fazer um grito de carnaval mais rock ?
No ato um olhou pro outro e pintou aquele clima de “ninguem mais faria a não ser nós”. E em menos de 15 minutos estava decidido que organizaríamos o primeiro Grito Rock em Cuiabá, no sábado de carnaval, com bandas locais que foram escolhidas na hora: Zorato, Donalua, Lynhas de Montagem, Deefor e Papo Amarelo. O local perfeito seria a galeria do Pádua, ligamos na hora para o Pierre, dono do espaço e ele topou. Pronto, todos já sabiam aonde passariam o carnaval de 2003.
Todas as bandas escolhidas tinham um certo envolvimento com as correrias, e falarei um pouco delas abaixo:
Donalua no colegio Presidente Medice!
Donalua – A banda mais engajada do movimento chegando a ser panfletaria em vários momentos, todos os seus integrantes trabalhavam diretamente na consolidação do mercado independente local. Eu, kayapy(macaco bong), Chabo (Chilli Mostarda) e Douglas(Vanguart) trampavamos no Cubo, Caio Costa e Caio Mattoso eram organizadores do Festival Calango. Era a banda que mais propagava a musica autoral na época e era conhecida também pelas inúmeras polemicas que se envolvia a cada show, e estas historias merecem um capitulo a parte. Após uma serie de reformulações a banda encerrou suas atividades após o show do Calango 2005, com a certeza de que a missao de provocar o cenario autoral ja estava cumprida.
Zorato – Banda “pé dentro pé fora” ajudava de vez em quando nas ações e seu vocalista Allan era o designer oficial do cubo na época e foi responsável pela concepção visual do primeiro Grito Rock e também pela copia discarada do slogan do evento “se a canoa não virar eu chego lá”. A banda contava também com o veterinario Robson Clay, mais conhecido como Robinho, famoso pelas suas habilidades com o wa-wa e o baterista Adriano Baiano, um típico bom vivant , que vivia as custas do pai e das bandas de pagode que ele produzia. A banda caiu no ostracismo em meados de 2005 e nunca mais voltou a ativa.
Deefor no inicio da carreira!
Deefor – Primeira grande banda da nova safra do rock cuiabano, capitaneada por Reginaldo Lincoln (Vanguart) nos vocais e na guitarra, Jales no Baixo e Beto na Bateria, o Power trio surpreendia o publico a cada show. Fez grandes shows em 2003 e 2004, era a queridinha dos cuiabanos, tocou no bananada 2004 e foi uma das revelações do festival, se desfez logo em seguida, em uma historia que envolve, sexo, drogas e um complexo de Édipo em doses cavalares, também merece capitulo a parte. A banda deixou um ep gravado com três faixas que até hoje recebe novas versões de bandas cuiabanas. Muitos se questionam ate hoje como Reginaldo deixou de ser o front man de uma das bandas mais promissoras do rock independente nacional para se tornar um coadjuvante em outra tão promissora quanto.Eu, otimista, prefiro acreditar que mais vale um Vanguart na Mão do que dois caguetas voando....:)
Eduardo Lehr, baxista do Papo Amarelo!
Papo Amarelo - Outra banda bastante envolvida com o processo, e contava com Rodrigo Farinha(DJ faras) no Vocal, Dudi Ribeiro(Mestre Dalma) na Guitarra, Eduardo Lehr (Ostracismo) no baixo e Douglas (Vanguart) na batera. A banda foui uma das principais referencia na retomada da voz autoral do estado, e da movimentação formada em torno dela surgiu o Festival Calango, que hoje se consagra com um dos principais do país e que na época era muito diferente dos conceitos atuais, principalmente pela influencia do Dudi que visualizava duas prioridades para o Calango: 1- Sucesso de Bilheteria e 2- Trampolim para o Papo Amarelo. Alem dele , o Farinha tabem não tinha grandes preocupações com o movimento, e sua predileção era por shows em bares e festinhas da high society. Ambos saíram da banda quase simultaneamente. Lehr e Douglas deram continuidade ao projeto chamando Barbara Varella e Alisson Snati para os vocais e Danilo Bareiro (Mandala Soul), Bruno Kayapy (Macaco Bong) e David Dafre(Vanguart) para as guitarras. A banda deixou um Cd lançado e acabou em 2003 após o fracasso da segunda empreitada.
Um dos gemeos do Lynhas!
Lynhas de Montagem - Banda lendária do Rock Mato-grossense, tanto pelas belas musicas compostas durante os vários anos de atividade da banda como pelas inúmeras polemicas em que os gêmeos Marcio e Marcos se envolveram. Reza a lenda que certa vez anunciaram o show do Bom Jovi cover em Cuiabá mas na verdade eram os caras do lynhas fantasiados e escondidos em um hotel alem do cd da banda que foi anunciado durante 15 anos e até hoje não foi lançado. Rockerices a parte a banda lançou alguns hinos do rock de Mt, entre eles Pele viciada e A Dor Acabou. A banda acabou em 2004 e promete voltar aos palcos em 2008. Mas promessa nem sempre é divida para estes garotos, vamos aguardar.....
Com a data, as bandas e o local escolhidos restava agora fazer o material gráfico, locar o som, contratar a segurança, escrever os releases e batalhar para o sucesso da ação. Foram duas semanas de incansáveis panfletagens nas escolas, universidades, shopings e praças da cidade e no dia 3 de março de 2003 estava tudo pronto para a balada em pleno carnaval.
Publico do Grito 2003!
O publico compareceu em peso, os shows foram sensacionais, e durante a apresentação do donalua, percebi a empolgação da rapaziada, e ali mesmo, no meio do show, sem nem consultar o dono da casa, anunciei que dois dias depois, na segunda feira, realizaríamos a segunda noite do grito rock. O Publico delirou, era tudo o que eles queriam, a segunda feira lotou tanto quanto o sábado, a ação havia sido um sucesso, e o rock entraria eternamente para a historia do carnaval de Mato Grosso.
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3 comentários:
Pablo é muito importante este tipo de registro. Parece desencessário, uma vez que é uma história tão recente e em construção, mas a memória precisa ser resgatada a todo momento para que possamos pensar sobre. Acho que não só o grito, mas a própria criação/trajetória do Espaço Cubo merecem esse registro.
taí, concordo com a karla.
,)
É interessante sim o resgate de toda a trajetória, a partir de tal conhecimento se pode sair para a continuação do caminho.
E também vale pelas memórias! Bandas e eventos lendários! =]
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